segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sexto dia: "Something's changing inside you, don't know?"

"Não há nenhum outro lugar onde eu poderia estar" pensou a pétala no curso do rio. A cada obstáculo, a água mudava seu rumo... criava um braço à esquerda, passava por baixo, mas ia adiante. E o que ficou pra trás? Acúmulos do resto passado.

"Não há nenhum outro lugar onde eu poderia estar" considerou a pétala nas voltas que dava sem chegar ao centro. Um redemoinho sem vento, a força do fundo provoca movimento. Sem tempo. Voltas, voltas. Quem sabe um ralo para fim? Melhor não pensar em que bueiro vai parar.

"Não há nenhum outro lugar onde eu poderia estar" decidiu a pétala no fluxo do ar. Voando sem rumo, escorando em obstáculos, machucando suas veias de planta. Sem rastro, sem sangue. Hematomas que seguem pelo presente e desaparecem no segundo anterior, no segundo seguinte.

"Não há nenhum outro lugar onde eu poderia estar" inscrito na árvore: amantes da paixão gravaram na natureza seu sentimento fugaz. Tentaram por fim eternizar o imemorável. Cai uma lágrima, escorre uma gota da seiva, tomba uma pétala. O que resta?

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