quarta-feira, 6 de abril de 2011

Primeiro dia: Te quero, passarinho!

Acordou ao lado dela. Nem se lembrava que isso era possível, fazia parte dos desafios. Dentre eles, entender o que se passava nela. Colou o ouvido para ouvir os batimentos cardíacos. Se estava acelerado - bem me quer. Se o tum tum era ritmado - não me quer. Recebeu um sorriso como resposta - mas não era essa a pergunta.

Colocou a máscara e abriu o peito. O bisturi cortante enferrujado pelo tempo lhe pediu silêncio ao oferecer atenção. Os olhos dela estavam atentos, os lábios costurados. Confusão. Com-fusão. A máscara não podia estar ali. Não havia espaço para o pasteurizado, para o limpo e esterilizado. Não havia função para o útero estéril dela. Não havia ouvidos para as palavras de uma, havia muros: ele quer, ele quer, ele quer.

Ele quer, ele cria, acontece. Acontece? Nela aconteceram palavras, nele só a melodia ritmada do tum tum. Cada qual com sua música. Assobiando no seu tempo, de acordo com o bater das asas, da mudança do vento.

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